Novidades também vão para o lixo
É preciso filtrar o que se ouve e o que se vê até mesmo no mundo da moda
É preciso filtrar o que se ouve e o que se vê até mesmo no mundo da moda
Depois das calças skinny, aquelas justinhas até o tornozelo que ficam ótimas com as botas de cano alto e que conferem muita elegância ao visual, a Semana de Moda de Paris trouxe uma novidade: a jodhpur.
O modelo é mais volumoso na região das coxas e dos quadris, com bolsos amplos, e mais ajustada do joelho para baixo. Quem apresentou a calça na passarela foi a Balenciaga, mas as jodhpurs já tiveram seu momento de glória durante os anos 40. Originalmente usadas para equitação, esse tipo de calça é bem recorrente também na moda urbana e conta com várias interpretações de diversos estilistas nacionais e internacionais.
Segundo a editora de moda do jornal britânico Telegraph, Hilary Alexander, a peça virou objeto de desejo entre as britânicas. Embora fácil de combinar, a editora alerta que se usadas de maneira errada podem triplicar o quadril de tamanho e que é importante que sejam usadas por dentro para acentuar a cintura.
Dizem por aí que não é preciso ter o corpo magro nem alto para usar-la, afinal os bolsos na frente disfarçam melhor os quadris do que os dos lados. Será mesmo? Talvez para as britânicas a técnica funcione, mas no Brasil as curvas que acentuam o corpo violão das mulheres brasileiras são muito mais complexas. Nós gostamos de nossas curvas, mas é preciso tomar muito cuidado ao “importar” tendências de vestimentas: é muito fácil transformar curvas em quilinhos a mais. No caso das jodhpurs, a localização de bolsos é o de menos numa modelagem super justa na panturrilha e mais larguinha nas coxas e quadris.
Antes que a moda pegue nos calçadões do litoral brasileiro e o mercado decida criar os modelos em formas grandes e extragrandes sem se preocupar de fato com a elegância das mulheres, espero mesmo que a imprensa da moda seja capaz de esclarecer a todas as mulheres que nem sempre o que se dita nas passarelas é o mais adequado.
Admito. Também me entristeço a cada vez que uma nova tendência é lançada e minhas pernas curtas e grossas me privam de “estar na moda”. Todas caímos na tentação vez ou outra de experimentar e provar para a crítica que o branco não engoda de fato e que saias abaixo do joelho achatam a silhueta das baixinhas. Às vezes eles estão certos, mas visivelmente as jodhpurs não terão sucesso diante do corpo das brasileiras.
Ao final – e antes de renovar o guarda roupas - é preciso ter consciência. É do privilégio de sermos únicos que se faz a diferença e isso não é para se jogar fora, muito menos trocar por uma moda que logo estará ultrapassada.
Ana Carol Lahr
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