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A moda no mundo - PARTE I

“O signo é motivado quando seu significante está numa relação natural com seu significado e quando, por conseguinte, o ‘contrato’ que une um ao outro não é mais necessário.”
Roland Barthes, Sistema da Moda.

Anos 60

A década dos anos 60 foi dividida em duas grandes correntes: os consumistas e os psicodelistas - que nos anos 70 dariam lugar aos hippies.

Foi em 1964 que começou a Guerra Fria. O confronto entre EUA e URSS lutava pela hegemonia política e econômica mundial, de um lado o capitalismo (EUA), e do outro o socialismo (URSS). Surge então a corrida armamentista e nuclear, fato que beneficiaria outro setor na época: a tecnologia. A Guerra Fria só terminou com a queda do muro de Berlim, e consequentemente, a consagração dos EUA como potência mundial. O capitalismo vencera.

Depois de um período de grande austeridade, os jovens do pós-guerra apresentavam autoconfiança e desejo pela inovação. Na época da invenção da nave espacial, da chegada do homem à lua, do primeiro transplante de coração, do “boom” capitalista e industrial, o consumismo foi criado ou, pelo menos, revivido.

Com os meios de comunicação em massa em voga, os fabricantes focaram como público alvo a juventude, que possuía como desejo diferenciar-se de seus pais. Eles recusavam não só os costumes e regras burguesas, mas também outras instituições ligadas à família, como o casamento e a fidelidade. Optaram pela variedade em vez da permanência de apenas um estilo a ser seguido. Esse afã pela distinção refletiu-se diretamente na moda.

Começa na Europa o interesse dos estilistas por novos materiais e novas técnicas de criação e fabricação do vestuário, proporcionadas pelo grande avanço que a indústria apresentou na época. Tecidos como Cardine, nasceram desse “boom” industrial. A técnica da vaporização do cloreto de vinil em um molde para a fabricação de roupas sem costura e o feltro, também foi resultado desse período.

Os estilistas inovaram em praticamente tudo que a moda compreende, desde o tecido até as formas e os tamanhos das vestimentas. Dentre as grandes vedetes da época estão as perucas para mulheres; tecidos sintéticos, plásticos e metalizados; roupas futuristas; vestido tubinho; óculos jackie “O”; mini-saia;; cores vivas, estampas florais e pop art; tecidos acetinados, inclusive para os homens; terninho Beatles; botinhas de verniz, de bico fino e salto baixo.

Tudo era baseado em formas esféricas, com muita iluminação e a algumas vezes suaves. As calças compridas eram utilizadas até então só por homens e foram, portanto, um grande passo para a emancipação feminina. Elas tinham cintura baixa e boca de sino.

A busca feminina pelo vestuário confortável influenciou os homens da época, que começaram a utilizar gravatas e smoking somente em eventos finos.

Essa renovação de técnicas foi concebida para atender as novas necessidades de uma sociedade industrial, com cotidianos cheios de atividades como trabalho e novas imposições da mídia, como o consumo exacerbado. Afinal “Beatniks, hippies, geração 68 (volta à natureza) e punks vestem roupas totêmicas, símbolos próprios de seus ideais e engajamentos políticos”. (FLORENCE MULLER, 2000, p.12)

Surgiu nessa década uma forma de arte singular e utilizada até hoje, a arte pop. Esta é constituída por cartazes, fotografias, pôsteres que reciclam a vida cotidiana.

Outra grande corrente da época foi o psicodelismo, ou moda Beatnik*, que rejeitava o modernismo como forma de arte, buscando inspirações em estilos como art nouveau e oriental, sem pensar de modo consumista e visando atingir um público seletivo e engajado politicamente. Nos anos 70 esse estilo inspirou ou até mesmo antecedeu a população hippie vigente.

,Mayara Moretto

*Beatnik: visual inspirado pelos jovens americanos de meados da década de cinqüenta do século XX, que contestaram a guerra da Coréia, refugiando-se numa falsa beatitude, usando longas túnicas com calças cáqui e sandálias, cabelos e barbas compridas, evitando o luxo e o brilho.” (MARIA REGINA CATALLANI, 2003, p.356)

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