25/06/2007

OLÁ!



Estou aqui para defender a imprensa feminina e também a moda, um de seus grandes eixos. Não subo num palanque, por ser político demais. Não anuncio na televisão, por ser perigosamente comercial. Eu simplesmente defendo de coração. E é justamente ele o segundo pilar dessa imprensa tão sensível. O outro, trata da realização da mulher na família, a casa.

O caracter dessa imprensa se formou há muito tempo, desde quando às mulheres não era permitida a vida social. Então surgiram os romances e esses lhes roubaram o coração. No século XVIII, quando as revistas femininas nasceram, dando dicas e defendendo os direitos femininos, elas se tornaram as melhores amigas das damas.

Infelizmente, são cruéis alguns adjetivos dados à imprensa feminina. Consumista, alienante e estereotipada. A verdade é que ela preserva o status quo evitando polêmica e controvérsias, preferindo abordar a vida de perto a discutir sobre um mundo com tantos “donos”. E que mal há nisso?Antes de condena-la é indiscutível que se pesquise a fundo o valor histórico das conquistas das mulheres impulsionadas pelas publicações femininas.

A moda, como já disse Dulcília Schroeder em uma de suas publicações, “impulsiona a imprensa feminina e é por ela impulsionada”. Em consequência, é do mesmo modo condenada. A importância “excessiva” dada à moda se justifica no papel da mulher brasileira já no século XIX. Enquanto aos homens cabia a política, às mulheres cabia a imagem. Era delas o dever de apresentarem-se impecáveis para garantir o respeito de seus maridos na “boa sociedade” da época.

Não nos venham agora falar de frivolidades, ainda que a mim não pareçam inútil a boa apresentação pessoal e a arte de vestir.

Se não fossem as mulheres bem-vestidas, o preconceito masculino – aquele que critica, mas não deixa de apreciar a boa aparência – certamente não teria permitido tantos acordos que só se firmaram entre a “boa sociedade”. Lembro, mais uma vez, que pertencia a elas o mérito de adentrar nesse patamar. “Que tratassem de se europeizar”, provavelmente diriam os maridos, prestes a firmar acordos milionários.

Se hoje a moda não lhes parece tão imprescindível, gostaria de lembrar também que nem mesmo as greves atuais repercutem como já repercutiram. E mais: para alguns, é certo que não passam de “um dia de folga”. Dói saber isso? É o que sentimos quando taxam a arte das passarelas e as revistas que entendem as mulheres como “frívolas”.

A sociedade muda, e os valores também. Depois que “o momento” passa, restam as lembranças das conquistas, aos principais interessados; aos outros, resta a indiferença, ou a crítica negativa; e a nós, mulheres, a elegância.

Viva à moda viva!,



Ana Carolina Lahr





2 comentários:

Anônimo disse...

Carol, meu parabéns. Perfeito.

Roberto disse...

Carol
Suas referências sobre as conquistas das mulheres no decorrer do curto período de sua emancipação histórica, passa pela mais incipiente de todas as referências, a moda. A moda é masculina e nisso você há de convir, os estilistas mais renomados são homens, que vestem as mulheres nas passarelas com o tom daquilo que crêem ser belo para si próprios, homens. Você omitiu em seu texto os verdadeiros momentos e movimentos da história da luta das mulheres, direito ao voto, igualdade social, protestos contra a violência masculina, para párar por aqui. As mulheres são muito mais que belos corpos elegantes desfilando em uma passarela para vender roupas caríssimas. O que sentem as mulheres que não se enxergam no padrão de beleza do mundo glamouroso de Paris, NY, Londres, Milão e São Paulo? Creio que aquelas que realmente tem conhecimento da luta diária que as mulheres travam para fazer valer seus direitos não estão nem um pouco preocupadas com o mundo da moda, e sim com a continuidade da luta pela erradicação total dos preconceitos existentes em uma sociedade ainda extremamente machista. Moda é acessório descartável num país no qual as mulheres necessitam de um código especial de leis para (tentar) se proteger da violência.

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