OLÁ!
Estou aqui para defender a imprensa feminina e também a moda, um de seus grandes eixos. Não subo num palanque, por ser político demais. Não anuncio na televisão, por ser perigosamente comercial. Eu simplesmente defendo de coração. E é justamente ele o segundo pilar dessa imprensa tão sensível. O outro, trata da realização da mulher na família, a casa.
O caracter dessa imprensa se formou há muito tempo, desde quando às mulheres não era permitida a vida social. Então surgiram os romances e esses lhes roubaram o coração. No século XVIII, quando as revistas femininas nasceram, dando dicas e defendendo os direitos femininos, elas se tornaram as melhores amigas das damas.
Infelizmente, são cruéis alguns adjetivos dados à imprensa feminina. Consumista, alienante e estereotipada. A verdade é que ela preserva o status quo evitando polêmica e controvérsias, preferindo abordar a vida de perto a discutir sobre um mundo com tantos “donos”. E que mal há nisso?Antes de condena-la é indiscutível que se pesquise a fundo o valor histórico das conquistas das mulheres impulsionadas pelas publicações femininas. A moda, como já disse Dulcília Schroeder em uma de suas publicações, “impulsiona a imprensa feminina e é por ela impulsionada”. Em consequência, é do mesmo modo condenada. A importância “excessiva” dada à moda se justifica no papel da mulher brasileira já no século XIX. Enquanto aos homens cabia a política, às mulheres cabia a imagem. Era delas o dever de apresentarem-se impecáveis para garantir o respeito de seus maridos na “boa sociedade” da época. Não nos venham agora falar de frivolidades, ainda que a mim não pareçam inútil a boa apresentação pessoal e a arte de vestir. Se não fossem as mulheres bem-vestidas, o preconceito masculino – aquele que critica, mas não deixa de apreciar a boa aparência – certamente não teria permitido tantos acordos que só se firmaram entre a “boa sociedade”. Lembro, mais uma vez, que pertencia a elas o mérito de adentrar nesse patamar. “Que tratassem de se europeizar”, provavelmente diriam os maridos, prestes a firmar acordos milionários. Se hoje a moda não lhes parece tão imprescindível, gostaria de lembrar também que nem mesmo as greves atuais repercutem como já repercutiram. E mais: para alguns, é certo que não passam de “um dia de folga”. Dói saber isso? É o que sentimos quando taxam a arte das passarelas e as revistas que entendem as mulheres como “frívolas”. A sociedade muda, e os valores também. Depois que “o momento” passa, restam as lembranças das conquistas, aos principais interessados; aos outros, resta a indiferença, ou a crítica negativa; e a nós, mulheres, a elegância.
Viva à moda viva!,
Ana Carolina Lahr
2 comentários:
Carol, meu parabéns. Perfeito.
Carol
Suas referências sobre as conquistas das mulheres no decorrer do curto período de sua emancipação histórica, passa pela mais incipiente de todas as referências, a moda. A moda é masculina e nisso você há de convir, os estilistas mais renomados são homens, que vestem as mulheres nas passarelas com o tom daquilo que crêem ser belo para si próprios, homens. Você omitiu em seu texto os verdadeiros momentos e movimentos da história da luta das mulheres, direito ao voto, igualdade social, protestos contra a violência masculina, para párar por aqui. As mulheres são muito mais que belos corpos elegantes desfilando em uma passarela para vender roupas caríssimas. O que sentem as mulheres que não se enxergam no padrão de beleza do mundo glamouroso de Paris, NY, Londres, Milão e São Paulo? Creio que aquelas que realmente tem conhecimento da luta diária que as mulheres travam para fazer valer seus direitos não estão nem um pouco preocupadas com o mundo da moda, e sim com a continuidade da luta pela erradicação total dos preconceitos existentes em uma sociedade ainda extremamente machista. Moda é acessório descartável num país no qual as mulheres necessitam de um código especial de leis para (tentar) se proteger da violência.
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